Desde muito cedo que os grupos humanos aproveitam e transformam conchas para uso pessoal e para outras necessidades do seu quotidiano.
O caracol marinho (Littorina obtusata), perfurado intencionalmente, foi até à data a única espécie documentada no Lagar Velho, encontrando-se junto ao enterramento infantil e nos níveis de ocupação mais recentes do abrigo.
Não é possível determinar com segurança se estes pendentes corresponderiam a adornos pessoais (contas de um fio ou de uma pulseira, por hipótese) ou a elementos da indumentária, mas a sua transformação intencional não deixa qualquer dúvida.
A litorina perfurada aparece em diversos contextos arqueológicos do Paleolítico Superior, um pouco por toda a Europa, sobretudo durante o Gravetense e o Solutrense, períodos representados no Lagar Velho. A seleção desta espécie em particular, de entre tantas outras que o mar oferece, teria certamente um significado, que hoje nos escapa, para os grupos humanos que ocuparam, em simultâneo, áreas geográficas muito distintas do continente europeu.
O MAR, TÃO PERTO E TÃO LONGE
Conchas marinhas ...